Valério Mesquita

17/08/2017 18h16

O historiador romano Publius Cornelius Tacitus disse que “não há no mundo nada inventado pelo homem que o tempo não destrua”. Frase lapidar, verdadeira e nunca contestada. Acredito na evolução das ciências, todas, indistintamente, direcionadas ao bem da humanidade. Assunto vasto que pode parecer vago mas o novo milênio carrega em seu ventre inchado muita mistura podre que não deve ser confundida com evolução. O mundo de hoje pede resultados cada vez mais objetivos, práticos, sem as superficialidades do consumismo que vem de dentro de nós. Em todas as atividades humanas, são exigidas: a fidelidade, a seriedade, a idoneidade, entre outros valores, para que sejam alcançados e balizados os índices de competência e pragmatismo. O planeta terra parece mais obra do demônio do que de Deus, frente as deformidades e mutações da modernidade.

Quero me deter apenas, neste texto, a um segmento que não provém do homem mas do Criador. Refiro-me ao cristianismo nascido e ungido no Antigo e no Novo Testamento. Nas igrejas, de modo geral, aprende-se pouco sobre as Escrituras. Os artefatos e artifícios de algumas delas – através do exagerado uso da música e da dança – vendem mais o “peixe” explorando o nome de Jesus. Chegam hoje, a patamares absurdos, abusivos e repulsivos. Nos templos, nos palcos e nas emissoras de televisão, a palavra desapareceu para ceder lugar à dança e ao ritmo profano. Como achei Jesus no silêncio e na serenidade, duvido que Ele ouça, com essa parafernália toda, o seu nome. Não creio que a pantomima de certos ofícios ditos religiosos seja elevação, mas sim, ritos estranhos que lembram os tempos dos deuses pagãos da antiguidade grecoromana e egípcia. Não representam, criatividade mas assombração que desperta mais medo do que religião, caminho, verdade e vida. Não agregam novos valores cristãos, mas mundanos, porque deturpam os postulados doutrinários e comportamentais. Resumindo: são invenções do homem que o tempo vai destruir, conforme o romano Tácito afirmou, no início.

A verdade é que querem transformar as religiões em desfile de calouros. Jesus Cristo virou produto de marqueteiros espertos. Determinadas congregações vulgarizam o nome e a mensagem do Salvador fazendo sobressair mais as máquinas caça-níqueis num mundo de fantasias e atos suspeitos. Algumas igrejas não se abrem mais para um pensador, um teólogo, um doutrinador, um evangelizador, mas para os cantores e músicas “sacras” com toda parafernália de sons, imagens, metais e ruídos. Entendo que o louvor a Deus provém dos salmos. E os hinos e cânticos sejam entoados com respeito e compostura. Pela televisão, já assisti “louvor” a Deus em ritmo de reggae, xaxado, rock‘n’roll, twist, com muito requebrado que me faz enxergar naquele ato mais Michael Jackson do que Jesus Cristo. Por que certas igrejas permitem tais coisas como se constituíssem uma inovação? É claro que sugerem uma descaracterização, uma apelação ou um divertimento, onde as qualidades cristãs são metamorfoseados. A dignidade cristã do ser humano no ato de glorificar e louvar o nome do Senhor não está no barulho, nem no poder, nem na riqueza, mas na humildade e na simplicidade de ser e agir. Repriso a frase que ouvi no caminho de Damasco: ““Bem aventurados” os ruidosos deste mundo, porque deles é o reino do caos”.


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