Wellington Duarte

18/07/2017 10h53
Na Terra Brazilis o termo “bordel” pode ser, infelizmente, aplicado ao que acontece nas esferas do poder. O Traidor Temer, que foi de um cinismo descarado ao falar, em redes sociais, que o país saiu da recessão “graças as ações do governo”, sobrevive ao cadafalso do seu indiciamento, com a liberação de verbas para os apoiadores e esses deputados-marmotas chegaram, inclusive a ensaiar um escandaloso “fica Temer!” para “agradecer” ao liberador de suas benesses. É a amostra de que, com o Golpe, os detentores do poder agem livremente.
 
O furdunço é geral:  Do lado da Globo, agora protagonista do Golpe, alinha-se a Procuradoria Geral da República e a Farsa a Jato. Do lado de Temer, o “centrão”, Gilmar Mendes, alguns grupos de mídia, como a Rede Record, e provavelmente políticos jogados no fogo do inferno, como Aécio Neves.
 
Em meio a esse asqueroso jogo pelo poder, a sociedade fenece, com a piora escancarada dos serviços públicos em todas as esferas da federação; com o colapso do Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte; com uma economia enterrada numa recessão; no aumento da criminalidade; com a volta da fome na periferia das grandes cidades; com a manutenção de altas taxas de desemprego.
 
Ontem(17) as manchetes nas redes sociais anunciavam a “recuperação” do mercado de trabalho com a velha tática de dar um caráter positivo a algo que é negativo, ou o famoso “enrolation”, Apresentar o saldo positivo foi de 9.821 postos de trabalho como uma primeira mudança rumo ao “acerto da economia” é uma baboseira sem fim, mas a Globo, como sempre, valeu-se da mentira para convencer aos quase 14 milhões de desempregados e outros milhares que perderão postos de trabalho nos próximos meses que a “vida melhorar”, embora não aponte quando, até porque sabe perfeitamente que é um discurso mentiroso.
 
Os dados do Ministério do Trabalho, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), que mostra o comportamento dos postos de trabalho, revelam um cenário nada animador. Em abril o número de carteira assinada chegou a 59.856, depois de uma queda em fevereiro de 63.624; em maio o número de pessoas com carteira assinada subiu 34.254, principalmente devido ao setor agropecuário, mas já verificou-se uma queda de 42,8% em relação ao mês anterior; e em junho, ainda puxado pelo setor agropecuário (laranja, café e soja) o aumento foi de 9.821, 71,3% a menos que o mês anterior.
 
A desaceleração inflacionária, alardeada pelos golpistas, não mostra que retomamos o crescimento, mas que aprofundamos a recessão, pois sem dinamicidade os agentes econômicos simplesmente cruzaram os braços, além da perda de força dos preços controlados e da melhoria do regime de chuvas, favorecendo uma baixa (sazonal) do preço dos alimentos. Esses elementos, somados à redução vertiginosa do consumo obviamente tinham que puxar para baixo a inflação e qualquer aluno medíocre de Ciências Econômicas sabe disso.
 
Os festejos da “retomada do crescimento”, como justificativa para empurrar as próximas reformas (previdenciária e tributária), são a forma como os golpistas e o Consórcio tentam mostrar ao grosso da população que o seu calvário terá um final feliz, evidentemente para os que são rentistas, grandes empresários e a parte da população que está no Olimpo do serviço público (principalmente no Judiciário).
 
Uma das principais variáveis de crescimento, os investimentos, caíram 29,8% desde o terceiro trimestre de 2013 e em 2016 ficaram em 16,4% do PIB, a taxa mais baixa desde 1996, conforme publicado no recente Boletim de Conjuntura do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). O Consumo das Famílias está estagnado (- 0,1% em relação ao final de 2016), assim como os investimentos públicos (-0,6% em relação ao final de 2016).
 
O fantasma do desemprego virou uma verdadeira assombração entre os jovens, com índices assustadores nas regiões metropolitanas. A taxa de desemprego entre os jovens (16 e 24 anos) aumentou em todas as regiões pesquisadas, na comparação de 12 meses, atingindo 47,4%, na RM Salvador, e 43,6%, no Distrito Federal. Em São Paulo, a taxa de desemprego para esta faixa etária está em 38,4%. No primeiro trimestre de 2017 o desemprego bateu 13,7%, principalmente no Nordeste (16,4%) e Norte (14,2%), regiões que receberam fortes investimentos públicos nos governos anteriores, embora no Sudeste (14,2%) o desemprego continue forte. Centro-Oeste (12,0%) e Sul (9,3%) por suas características, estão com taxas menores.
 
E o cenário só tende a piorar, já que os golpistas implantaram o Teto dos Gastos, o sonho dos ultraliberais, e o inferno da população, já que esse Teto comprometeu a capacidade de arrecadar receitas através do crescimento econômico, passando a ter a visão de que o aumento das receitas se dá pela diminuição das despesas não-financeiras, deixando o setor rentista livre, leve e solto. E a desestruturação do setor produtivo, fruto da política fiscal contracionista do governo golpista e da Farsa a Jato, tirou a capacidade desses setores de retomar os seus investimentos já que a incapacidade dos novos gestores, que tem a viseira do monetarismo furibundo, trava a economia ao mesmo tempo em que discursa com o ufanismo dos mentirosos.
 
O desalento dos trabalhadores, submetidos à perda da capacidade de investimentos públicos com o Teto dos Gastos e o reordenamento do tal “mercado de trabalho” (terceirização irrestrita e reforma trabalhista) já apontam para um cenário sombrio e a futura Reforma da Previdência sugere que o “pato” da FIESP transformou-se num lobo, alimentado pelas vísceras da classe que cria riqueza, mas que não usufrui dela.
 
E la nave va....

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