Daniel Costa

17/07/2017 00h02

Pode parecer que o juiz Sérgio Moro, ao proferir a sentença que condenou Luiz Inácio Lula da Silva à prisão, tenha colocado um ponto final na vida política do petista, já que uma imaginada confirmação dessa decisão pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região em Porto Alegre, significará não apenas o impedimento do ex-presidente para concorrer às eleições presidenciais de 2018, mas também de exercer o direito de ser votado durante os 19 anos seguintes.

Lula tem hoje 71 anos, de maneira que com a ratificação da condenação, a sua vida de gestor público estará virtualmente encerrada, embora isso não venha significar um ponto final na sua biografia. Afinal de contas, a influência política de um dos maiores líderes da esquerda latino-americana permanecerá inalterada.

Já Sérgio Moro, mesmo sem saber, ao condenar o ex-presidente, coloca um ponto final na sua própria história. Cumprida a tarefa que lhes delegaram os donos do poder, é chegada a hora de devolver a capa de super-homem e virar um anão de jardim. Depois de fazer o serviço para o qual foi talhado, essa é a alternativa mais digna que lhe resta. Até mesmo porque, voar contra esse vento significaria o sepultamento da sua persona, da áurea de bom pastor que foi criada ao seu redor.

Vícios de caráter, limitações intelectuais e erros jurídicos podem continuar escondidos nos pés das últimas páginas dos jornais, ou acabar estampados no horário nobre da TV Globo. Certamente, o magistrado da República de Curitiba preferirá a primeira opção. Muito provavelmente ele tem consciência de que nunca possuirá a grandeza de um Lula. E é bem possível que já compreenda que, cumprida a tarefa, não empurrando a Lava Jato para um canto escuro de parede, poderá ser cozinhado na fogueira da opinião pública, e com isso ver destroçada a sua imagem, tal como aconteceu, recentemente, com Aécio Neves, o último queridinho da Casa Grande, e com o ex-todo poderoso Joaquim Barbosa.  
 


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