Wellington Duarte

29/06/2017 09h49

Um dia depois de Janot colocar a faca no pescoço do Traidor Temer, acusando de cometer crime de corrução passiva, pois ia meter a mão na mala com os R$ 500 mil do Loures, como o início de um pagamento semanal àquele que se encontrou com "empresários soviéticos", o golpista do Jaburu foi à público fazer um pronunciamento e deu chilique. Baixou o nível e acusou maliciosamente um ex-procurador, Marcello Miller, que advoga para Joesley, de receber grana indevida, o que atingiria indiretamente a Janot. Além disso já deu ordens para os seus capangas começarem a "negociar" o voto dos deputados, que deverão aceitar ou não a denúncia.

Essa chicana entre Janot e Temer chega ao seu apogeu, e agora aquela mesma Câmara de Deputados, que em 19 de abril de 2016, promoveu um deprimente espetáculo votando a favor do afastamento de Dilma, acusada de ter cometido "crime de responsabilidade" por ter editado dois decretos suplementares, QUE NÃO GERARAM AUMENTO DE GASTOS MAS SIM REMANEJAMENTO DE GASTOS, além de ter adiado o repasse de R$ 3,5 bilhões ao Banco do Brasil para pagamento do programa de crédito agrícola Plano Safra, o que fez com que o dito Banco pagasse aos agricultores com recursos próprios, o que caracterizaria a tal PEDALADA FISCAL, prática feita desde os tempos de Sarney e que o Tribunal de Contas da União (TCU), nunca considerara crime, mas em 2016 foi, e Dilma, sem apoio e sem base política, caiu devido a uma denúncia tosca, feita por ancião rancoroso e uma maluca paga pelo PSDB. Coisas da Terra Brazilis.

A diferença entre Dilma e Temer, apenas no que se refere ao delito de ambos, é quilométrica, dado que a primeira foi, INCLUSIVE, absolvida depois de golpeada no Senado, não perdendo seus direitos políticos num estranho "roubou mas não roubou", enquanto no caso do Traidor Temer, existem provas, delações e gravações que o colocam no centro do crime. A primeira foi deposta, mas saiu de cabeça erguida e é tratada no exterior como uma estadista, enquanto o segundo é um pária internacional e se esconde atrás do fisiologismo militante do seu grupo.

No país do desemprego, da deflação, dos ataques aos direitos sociais e de instituições nada republicanas, o cenário sombrio que se desenha no horizonte é a possibilidade de que a quadrilha no poder, simplesmente faça o que sabe fazer: corromper. A base do governo, embora completamente destroçada, é formada majoritariamente por um amálgama de deputados corruptos, fisiológicos, ignorantes e reacionários, o que pode garantir ao golpista que ocupa o Jaburu, sobreviver à denúncia.

Quem está no poder hoje, diferente do que havia antes de abril de 2016, não tem nenhum compromisso com o eleitor, com o cidadão ou o voto, pois são fruto de uma completa "chafurdização" da política, onde o que interessa para esses que ocuparam o poder, é manter-se nele. Seus apoios se concentram em grupos que estão fora do circuito popular. A mídia, corrompida até a medula pela publicidade do governo; as corporações que se sustentam com a apropriação de segmentos do Estado; o aparelho patronal (Confederação Nacional da Indústria – CNI e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP), que quer remodelar a relação entre Capital e Trabalho, apoiam a manutenção dos que estão no poder.

A briga pelos despojos do Golpe criou um cenário surreal, bem longe do difícil dia a dia da federação, hoje esfacelada devido à violenta queda dos repasses das transferências; das pessoas, cujo fantasma do desemprego assusta tanto que a amofina; das instituições republicanas, escangalhadas diante de corporações belicosas que se engalfinham pelo poder, movidos ao mais espetaculoso narcisismo. O país virou um chiqueiro com porcos selvagens chafurdando na lama.

Ao mesmo tempo em que o banzé se espalha em Brasília, amanhã (28) a Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ) votará a constitucionalidade da reforma trabalhista e o governo conta com uma vitória tranquila, enquanto as centrais sindicais e a Frente Brasil Popular afinam o discurso para tentar parar o Brasil mais uma vez no dia 30, em protesto contra as reformas trabalhista e da previdência, apostando na pressão popular para convencer senadores e deputados a votar contra as reformas, aproveitando-se da debilidade de Temer nesses dois casos.

Aos trabalhadores, nessa situação, não resta outra alternativa: lutar contra as reformas e a favor da redemocratização com eleições diretas. Sem isso o cenário instável não trará impulso à economia para sair do buraco em que se meteu.


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