Pinto Júnior

23/05/2017 10h01
 
A Polícia Federal predeu, na manhã desta terça-feira (23), os ex-governadores José Roberto Arruda (PR) e Agnelo Queiroz (PT) e o ex-vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB), assessor especial do presidente Michel Temer. As prisões fazem parte da Operação Panatenaico, da Polícia Federal, que apura a suspeita de desvios de R$ 900 milhões das obras do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, que custou R$ 1,57 bilhão aos cofres públicos, o mais caro da Copa do Mundo de 2014.
 
Atuam na operação 16 equipes com 80 policiais ao todo. As medidas foram autorizadas pela 10ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal. Os policiais cumprem 15 mandados de busca e apreensão, 10 de prisão temporária e 3 de condução coercitiva. Além dos três políticos, também são alvos agentes públicos, construtoras e operadores das propinas. A PF suspeita que tenha havia simulação de licitações. Também foram bloqueados mais de R$ 60 milhões em bens de 13 investigados.
 
A ação é baseada no aprofundamento da delação premiada da Andrade Gutierrez que admitiu a existência de um esquema de corrupção nas obras de reconstrução do Estádio Mané Garrincha para a Copa. Com um custo inicial previsto de R$ 600 milhões, o estádio consumiu R$ 1,57 bilhão em dinheiro público.
 
Diferentemente dos demais estádios da Copa, o Mané Garrincha não foi financiado pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), mas pela Terracap, estatal do Distrito Federal que tem 49% de participação da União. Por causa dos gastos com a Copa, a Terracap está próxima da insolvência.
 
A hipótese investigada pela Polícia Federal é de que agentes públicos, com a intermediação de operadores de propinas, tenham realizado conluios e assim simulado procedimentos previstos em edital de licitação.
 
Em 2010 Arruda entrou para a história ao se tornar o primeiro governador do Brasil a ser encarcerado durante o mandato. Ele foi afastado do governo, por ordem da Justiça, e ficou preso de 11 de fevereiro a 12 de abril de 2010 na carceragem da Polícia Federal em Brasília por tentar obstruir as investigações da Operação Caixa de Pandora, que desbaratou um esquema de corrupção no seu governo, o chamado mensalão do DEM ou mensalão do Arruda.
 
Inspiração grega
 
Segundo a PF, o nome da operação é uma referência ao Stadium Panatenaico, sede dos jogos panatenaicos, competições realizadas na Grécia Antiga que foram anteriores aos jogos olímpicos. A história desta arena utilizada para a prática de esportes pelos helênicos, tida como uma das mais antigas do mundo, remonta à época clássica, quando estádio ainda tinha assentos de madeira.
 
A construção foi toda remodelada em mármore, por Arconte Licurgo, no ano 329 a.C. e foi ampliado e renovado por Herodes Ático, no ano 140 d.C., com uma capacidade de 50 mil assentos. Os restos da antiga estrutura foram escavados e restaurados, com fundos proporcionados para o renascimento dos Jogos Olímpicos. O estádio foi renovado pela segunda vez em 1895 para os Jogos Olímpicos de 1896.

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