Daniel Costa

24/02/2017 13h18
Os direitistas vibraram orgasticamente com a notícia. Jair Bolsonaro apareceu em segundo lugar na última pesquisa CNT/MDA, para as eleições presidenciais de 2018, atrás apenas de Lula. É inevitável perguntar: como um político que arrota frases do tipo "o erro da ditadura foi torturar e não matar"; " mulher deve ganhar salário menor porque engravida"; e "não te estupro porque você não merece", é capaz de granjear tantas intenções de voto? O que diabos ele apresenta de diferente para que as pessoas consigam imaginá-lo presidente do Brasil?  
 
É importante ter em mente que o crescimento da extrema direita não é um fenômeno isolado, ocorrido apenas por estas bandas dos trópicos. Isso vem acontecendo de um lado a outro do Atlântico. O caso dos EUA é exemplar. Também na Europa os partidos extremistas ganharam força. As razões para o crescimento dessa onda populista é algo de complexa compreensão. Mas ao menos dois fatores justificam a escalada do radicalismo. Vamos a eles. 
 
O primeiro é a decepção com relação às políticas de esquerda e de centro-esquerda que vigoraram até agora em vários países do globo. As desilusões proporcionadas pelo governo socialista francês, capitaneado por François Hollande; os tiros sem direção da Grécia de Alexis Tsipras; e os próprios deslizes dos governos petistas envolvidos em escândalos de corrupção, abriram espaço para o discurso histriônico e sem freios da extrema direita. 
 
A crise mundial, por sua vez, trouxe a reboque inúmeros problemas sociais a respeito dos quais a população clama por respostas imediatas. O aumento da criminalidade e da desigualdade; as taxas de desemprego alcançando altíssimos índices; e o número de miseráveis avançando sem parar são problemas que abalam a vida dos cidadãos. Nessas horas, o político populista, carismático, que joga com palavras apresentando soluções mágicas atrai admiradores, que preferem arriscar no sujeito que brada uma chave mestra para todos as dificuldades - ainda que ela não sirva para abrir porta nenhuma - ao invés de apostar suas fichas no candidato que apresenta propostas complexas de natureza conjuntural. 
 
É nesse sentido, que o populista de direita resolve o problema dos imigrantes com a deportação; a violência ele desata defendendo a liberação da tortura e a possibilidade da execução sumária; e para a educação ele diz bastar a aplicação dos métodos militares de ensino, e coisa e tal. O seu discurso, desse modo, tem uma lógica aparente irrefutável, capaz de desconstruir problemas intricados através de pura retórica. 
 
O problema é que quando essa turma assume o poder, a realidade lhe rouba o discurso. A partir desse momento, para combater a complexidade dos fatos da vida social que suga a seiva das soluções pré-moldadas, o extremista se agarra ao cajado da força, sempre pronto para ser utilizado, principalmente pelas figuras acostumadas a aplaudirem a ditadura militar e a dizer que a democracia é uma grande "porcaria". Daí para o início das perseguições, o passo é pequeno. O sujeito que era o entusiasta de primeira hora, passa a ser a vítima do momento. 
 
Os direitistas, amantes de Jair Bolsanaro, precisam abrir os olhos e começar a pensar sobre o absurdo das suas ideias estrambóticas. 2018 está logo ali. E nos regimes de força bruta, não existem passeatas contra o governo. 

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