Cefas Carvalho

23/01/2017 12h47
Que Robinson Faria, eleito se autodenominando "governador da Segurança" jamais conseguiu dar respostas à sociedade neste quesito, é fato. Como também é fato que o Governo Robinson vem tendo atuação pífia na crise em Alcaçuz, em sintonia com o Governo Temer, totalmente perdido diante do caos no sistema carcerário.
 
Mas, os vacilos e contradições de Robinson não explicam, muito menos justificam o silêncio da classe política diante da situação de tensão atual.
 
É espantoso o silêncio das autoridades que representam instituições e poder político. O presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira de Souza, parece ter tomado chá de sumiço. Os deputados, exceções aqui e acolá que se posicionam, fazem que a crise nem é com eles. Deputados federais e senadores igualmente distantes.
 
O prefeito da capital do Estado, que, naturalmente é a cidade que mais sofre com a violência e ações dos bandidos, Carlos Eduardo, conseguiu algo pior que o silêncio: em meio às mortes de Alcaçuz e tensão, resolveu divulgar nas redes a programação musical para o Carnaval. A exemplo do que aconteceu na crise do ano passado, Carlos mais uma vez foi acusado de falta de sintonia com a realidade. O que está se tornando uma marca dele. Lamentavelmente.
 
Sabe quando acontecem tragédias e situações limite em outros países e a gente observa presidente, governador, prefeito, juiz, delegado, comissão de moradores, parlamentares, todos praticamente acampados em frente ao local da tensão, tentando achar soluções e dando respostas à população sobre seu papel e sua presença? No Rio Grande do Norte é o oposto exato.
 
Que pensam e como agem os senadores Garibaldi Alves e José Agripino, que já governaram o Estado, sobre o caos prisional? Ou eles, e mais os outros ex-governadores, Rosalba Ciarlini, Wilma de Faria, não têm responsabilidade nenhuma sobre o lento deterioramento do sistema prisional potiguar?
 
Já foi dito neste texto que Robinson falhou miseravelmente no trato com a Segurança Pública. Menos mal que ele se dedique a dar satisfação à sociedade e não fugir dos questionamentos. Também vale o registro de que Robinson afirmou não querer "um novo Carandidu" em Natal, ao se referir ao cuidado em ordenar a invasão de Alcaçuz. 
 
Pena que a iniciativa em não se furtar a responder não venha acompanhado de decisões políticas anteriores, já que como 10 entre 10 especialistas falaram, o caos de Alcaçuz era uma "tragédia anunciada". Mais pena ainda que os pares políticos de Robinson se mantenham silenciosos no momento em que mais se precisava ouvir as vozes deles.

*ESTE CONTEÚDO É INDEPENDENTE E A RESPONSABILIDADE É DO SEU AUTOR (A).