Andrezza Tavares

17/11/2016 13h19
O presente texto, recorte da dissertação de mestrado de nossa orientanda  Maria Judivanda da Cunha que cursa Pós-Graduação junto ao Mestrado Acadêmico do IFRN, reflete sobre o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), promovido pela coordenação de Pessoal de Nível Superior (CAPES) através do Ministério da Educação (MEC), enquanto uma política de incentivo a formação inicial e valorização dos profissionais do magistério no Brasil. Com o Pibid as Instituições escolares fazem uma parceria de cooperação com as escolas públicas da educação básica das redes Municipais, Estaduais ou dos Distritos Federais, com a finalidade de inserir a colaboração dos bolsistas do PIBID nas atividades de ensino-aprendizagem desenvolvidas nessas escolas. O PIBID IFRN que atende aproximadamente 45.500 estudantes nas escolas públicas de ensino médio e fundamental e 500 estudantes nas licenciaturas do IFRN, demonstra um significativo potencial transformador, faz enxergar a construção do novo olhar para a educação a partir da experiência vivenciada em sala de aula, tendo a certeza que a experiência de iniciação a docência terá um papel fundamental na formação dos futuros educadores. 
 
As políticas de incentivo a valorização da formação do magistério encontram-se no contexto das mudanças no papel do Estado e nos ajustes fiscais adotados para reforma do Estado brasileiro e que originou um processo de redemocratização do país, a partir da década de 1980, nas áreas sociais, especialmente, na educação. Ocorrer, pois, um processo de reforma educacional a partir da década de 1990, que configura-se uma resposta para o novo desenho do Estado, com base as demandas do cenário econômico. 
 
A valorização do magistério encontra-se respaldada legalmente pela Constituição Federal de 1988 que contempla parte das aspirações de setores organizados da sociedade. No artigo 206, assim, traduz a valorização dos profissionais da educação: “V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas (BRASIL, 2006)”. 
 
O PIBID tem demonstrado, além dos impactos quantitativos, desdobramentos qualitativos que apontam a sua importância na formação dos estudantes das Licenciaturas, na medida em que vem reduzindo a distância existente entre a formação teórica e a prática nesses cursos, além de contribuir para a permanência dos alunos neste nível de ensino e na própria reflexão dos docentes do Ensino Superior. (SOUZA, 2014).
 
ASPECTOS TEÓRICOS E FORMAÇÃO DOCENTE
 
Nos últimos anos, o debate sobre a formação de professores tem sido cada vez mais estimulado, considerando: o aumento da demanda quantitativa de profissionais da educação, bem como a necessidade de formação continuada que contemple os desafios de um mundo globalizado; a reflexão acadêmica realizada nas IES (Instituições de Ensino Superior) sobre a formação de professores; e o aporte jurídico dado a essa problemática pela LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Lei, nº. 9.394/96, nos artigos 61, 62, 63 e 67 em especial e legislações complementares. Essa conjugação entre demanda, debate de possibilidades e o aporte legislativo tem viabilizado ações interessantes em termos de constituição de políticas públicas educacionais como, por exemplo, a criação do PIBID – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência. 
 
De acordo com a Portaria Normativa nº. 16, de 23 de dezembro de 2009, que regulamenta o PIBID, esse Programa tem “por finalidade o fomento à iniciação à docência de estudantes das instituições federais de educação superior lhes aprimorando a qualidade da formação docente em curso presencial de licenciatura de graduação plena, e, contribuindo para a elevação do padrão de qualidade da educação básica” (Em 2010, o Programa estendeu-se também para as IES Comunitárias.) Em relação a execução desse Programa nas escolas de atuação o Art. 7o da Lei nº 8.405/92, vem falar que o PIBID deverá ser executado exclusivamente em escolas de educação básica das redes públicas de ensino, vedada a alocação de estudantes bolsistas em atividades de suporte administrativo ou operacional. 
 
Aos desafios colocados para elevar a qualidade na formação de professores, novas respostas foram sendo construídas pelas Instituições de Ensino Superior e suas unidades num movimento de criação de um fértil debate ao longo dos anos.  Uma das respostas dadas pelo Ministério da Educação com intuito de atender ao movimento foi a criação do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), por meio da Portaria Normativa nº 16, de 23 de dezembro de 2009.
 
Freire (1996, p. 39) analisa que “na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática, é pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática”. Assim sendo, ressalta-se que é relevante vivenciar, refletir e reconstruir as práticas por intermédio do projeto, compartilhando as ideias e discussões desenvolvidas no período, atendendo a demanda existente em prol da educação emancipadora, significativa e democrática, ou seja, um desafio posto para o professor do século XXI. Este programa tem uma grande importância não somente para os bolsistas como também para as escolas públicas em que são realizadas as ações do PIBID, com ele todos têm ganhado de alguma forma, o alunado, os professores, e toda a comunidade escolar na qual este estiver inserido, mas principalmente, o maior ganhador é o bolsista porque tem a oportunidade de construir a sua prática docente através da sua participação no cotidiano escolar por meio de experiências que o mesmo desenvolve junto aos seus supervisores.
 
COMO FUNCIONA O Pibid IFRN?
 
Os bolsistas dos distintos subprojetos do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte desenvolvem suas atividades de iniciação à docência nas escolas em que são orientados por suas professoras supervisoras, que atuam diretamente auxiliando em mútuo auxílio em suas atividades práticas. Cada licenciando desenvolve suas atividades em uma sala de aula de escolas públicas, juntamente com as supervisoras, nesse processo, formulam ações diferenciadas que contribuem no processo de aprendizagem no ensino diversos conceitos centrais à escola pública.
 
Sabendo da importância do PIBID para formação e prática docente, procuramos saber, por meio de questionários aplicados com a gestão de escolas no RN em que este programa está inserido, como eles percebiam a importância do programa para o desenvolvimento das aulas e para a prática profissional do bolsista de tal programa.
 
Para tanto aplicamos questionários as gestores da escola em questão, um dos questionamentos se deu da seguinte forma: “Qual a importância do PIBID, para a Escola Estadual que o senhor está gestor”? 
 
De acordo com o Gestor (1, 2014) “O PIBID é muito importante para a escola, uma vez que este contribui na facilitação da aprendizagem dos discentes, no sentido que os futuros docentes juntamente com os professores supervisores proporcionem experiências e metodológicas diferenciadas aos alunos desta escola, despertando nos mesmos um interesse maior pelas aulas”. Para o Gestor (2, 2014), “A importância do PIBID na Escola é por oportunizar aos alunos integrantes desse programa a participação direta das experiências pedagógicas na sala de aula, a fim de contribuir na aprendizagem de nossos alunos”. 
 
Percebemos no relato dos entrevistados que o PIBID, além de ser relevante por oportunizar a formação e prática docente do bolsista, também é de fundamental importância para escola, uma vez que as aulas ficaram mais dinâmicas, o que estimulou os alunos e com isso toda a escola ganhou, pois há interação e, portanto uma constante troca de conhecimento.
Procuramos também através de outro questionamento, saber dos gestores, “Qual a relevância de um programa como o PIBID trabalhando junto aos professores supervisores”?
 
 Para o Gestor (3, 2014) “É muito relevante visto que PIBID oferece aos futuros professores a participação nas experiências metodológicas articuladas com a realidade escolar, e isso traz também benefícios para os professores supervisores da escola em relação às atividades lúdicas proporcionadas pelos bolsistas de tal programa”. Segundo o Gestor (4, 2014) “O PIBID é de suma relevância na Escola porque os seus integrantes agem como agentes transformadores do conhecimento, eles proporcionam experiências metodológicas diferenciadas, inovadoras e estimuladoras com a intenção de atingir o aluno com o conhecimento e isso reflete na sala de aula facilitando o trabalho do professor supervisor”. 
 
Fica evidente nas falas dos gestores de escolas públicas do RN a importância desse programa, uma vez que o mesmo além de estar formando futuros professores qualificados, está também colaborando com os professores supervisores em sala de aula e principalmente com o desempenho dos alunos nas aulas.
 
Para Concluir, 
 
É notável que a falta de formação adequada de professores é um dos grandes problemas que afligem a educação brasileira. O projeto Institucional de bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) corrobora para um significativo potencial transformador. Ele nos faz enxergar que podemos construir um novo olhar para educação a partir do conhecimento adquirido em sala de aula, tendo a certeza que a experiência de iniciação a docência terá tido um papel fundamental na nossa história como futuros educadores. O PIBID nos demonstra um significativo potencial transformador. Ele nos faz enxergar que podemos construir um novo olhar para educação a partir da experiência vivenciada em sala de aula, tendo a certeza que a experiência de iniciação a docência terá tido um papel fundamental na nossa história como futuros educadores.
 
Com este programa ganham todos os que nele estão envolvidos, começando pelo aluno na sala de aula em que o PIBID atua, onde o mesmo terá uma pessoa além da professora, que poderá tirar as suas dúvidas, a professora supervisora que terá um auxílio prático, fazendo um resgate do conteúdo visto em sala lecionado por ela. A escola que terá bolsistas trazendo uma melhoria no desenrolar de atividades desenvolvidas pelo programa junto a escola, e principalmente o bolsista PIBID, que tem a oportunidade de construir sua prática profissional.
 
Percebemos nas falas dos gestores da Escola que o PIBID é de fundamental importância para a formação dos bolsistas como futuros educadores, em que a escola parceira, compartilha desta construção desse conhecimento prático através deste programa de forma coletiva. E, portanto ele é essencial na formação e prática docente. Diante do aporte teórico e das análises dos dados através das falas dos gestores podemos constatar que o programa tem por finalidade estimular a valorização da formação docente dos bolsistas de tal programa como futuros profissionais da educação. 
 
REFERÊNCIAS
 
ANDRADE, M. T. D. Técnica da pesquisa bibliográfica. 3. ed. São Paulo: USP/Faculdade de Saúde Pública, 1999.
 
BRASIL. Portaria Normativa nº 16, 23 de Dezembro de 2009. Dispõe sobre o PIBID - Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 24 de Dezembro de 2009.
 
CAPES. Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID. Disponível em: 
http://www.capes.gov.br/educacao-basica/capespibid. Acesso em: 30 dez. 2013.
 
FRANCO, Maria Estela Dal Pai, et tal.  Qualidade na Formação de Professores: Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) Como Estratégia Institucional. IX AMPED SUL, 2012. Disponível em: < http://www.ucs.br/etc/conferencias/index. php/anpedsul/9anpedsul/paper/viewFile/2061/744< Acesso em: 05 maio. 2013.
 
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e terra, 1996. 
 
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LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Técnicas de Pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996. Cap.3, p. 89.
 
SILVA, Soeli Batista da, et. Tal. A importância do PIBID na Formação Acadêmica: Saberes Necessários à Prática Docente. 64ª Reunião Anual da SBPC.  E.M.E. B Prof.ª Ana Cristina de Sena. 2011, Disponível em:> http://www.sbpcnet.org.br/livro/64ra/resumos/resumos/5848.htm< Acesso em: 05 maio. 2013.
 
SOCZEK, Daniel. PIBID como Formação de Professores: reflexões e considerações preliminares: formação docente. Revista Brasileira de Pesquisa Sobre Formação de Professores, Brasil, v. 3, p.01-06, 05 dez. 2011. Quinzenal. Editora Autentica. Disponível em: <http://formacaodocente.autenticaeditora.com.br/artigo/exibir/10/39/1>. Acesso em: 05 mar. 2014.
 
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 2002. Petrópolis: Vozes, 2002. Disponível em: <http://educacadoresemluta.blogspot.com.br/2009/12/tardif-maurice-saberes-docentes-e_13.html>. Acesso em: 09 abr. 2014.

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