Daniel Costa

26/08/2016 10h00
Em meados de 2015 escrevi um texto intitulado " Caminho imperfeito", em que dava como certo o impeachment de Dilma e deixava em aberto duas questões: Qual saída encontraria a oposição para Michel Temer e o que seria feito de Lula. Quase um ano depois, me parece possível respondê-las com alguma dose de segurança, mesmo diante do apocalipse político que devasta o Brasil. 
 
As flechas de fogo lançadas pela imprensa contra o PMDB, logo que Temer assumiu provisoriamente a Presidência da República - com a denúncia do envolvimento de ministros e membros do seu partido em casos de corrupção - atualmente já esfriaram e não atrapalham mais o grande acordo costurado pelo presidente interino para tocar o barco e manter a Operação Lava Jato apenas mirando dos petistas. 
 
De toda forma, se a turma da grande mídia continua abafando os escândalos, quando envolvidos membros do PSDB, e agora, alguns meses após o golpe, ainda a-tua em pequenas escaramuças contra o  PMDB, é porque prefere navegar junto com o tucanato paulista. Empresários e imprensa, portanto, apostam as suas fichas em Geraldo Alckmin para voltarem a botar as mãos na cumbuca do poder central, como sempre fizeram desde que Cabral desembarcou nestas terras. 
 
O movimento, assim, é o de colocar as rédeas no governo de Michel Temer para que a avenida esteja totalmente livre nas próximas eleições, quando o atual go-vernador de São Paulo, em tese, apresentará à população uma política de centro-direita, presumivelmente mais moderada do que o turbilhão neoliberal cultivado pelo presidente interino.  
 
Já o caminho de Lula  foi traçado a partir do momento em que  o processo que trata da sua investigação restou deslocado do Supremo para a República de Curitiba. Uma condenação pelas mãos do juiz Sério Moro, com a confirmação em sede de segundo grau, é suficiente para enquadrar o ex-presidente na já criticada Lei da Ficha Limpa, e com isso impedir qualquer pretensão do barbudo com vistas ao próximo pleito. O que fatalmente acontecerá, mesmo que para isso seja preciso atropelar a Constituição outras cem vezes, ou inventar novos factóides, como o do tríplex do Guarujá. Afinal de contas, assim como manjar é doce, é certo que a oposição não se arriscará numa disputa contra Lula, seja em razão dos resultados das últimas pesquisas, em que o petista lidera a corrida eleitoral para 2018, seja em virtude do seu carisma, que é capaz de mover Maomé e as montanhas. 
 
De todo modo, até que ele vire carta fora do jogo, as campanhas difamatórias contra sua pessoa continuarão sem trégua. E o término das olimpíadas provavelmente marca o retorno do massacre midiático.  
O estratagema dos tucanos, junto com o PIG e mais uma turba de empresários, portanto, é o de manter Lula e Temer na fervura do óleo, esperando o tempo certo para fritá-los de uma vez e lançar ao público o nome do PSDB, que governará a favor da elite empresarial de São Paulo. 
 
Essa é a minha aposta. 

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