Daniel Costa

22/07/2016 07h34
A lei já virou piada em tudo quanto é show de comédia. E não é pra menos. A turma joga uma legislação que obriga o motorista a usar faróis durante o dia, sem explicar nada a ninguém, e aí quer que as pessoas aceitem a ideia de bico fechado. 
 
Há quem diga que a tal lei dos faróis baixos foi lançada pra financiar as campanhas políticas que se aproximam. A velha ideia da máquina estatal estilo Pac-Man, comedora de dinheiro do contribuinte.
Pessoalmente, não acredito. Acho meio que uma teoria da conspiração. Na minha cabeça, o negócio tá mais para aquelas ideias alopradas dos legisladores brasileiros, do tipo que figuram no Festival de Besteira que Assola o País, de Stanislaw Ponte Preta. Algo como a história do deputado que apresentou projeto tratando da importação de um milhão de portugueses para espalhá-los pela selva amazônica. Ou talvez a coisa toda esteja relacionada com o nosso velho terceiro mundismo, que vez por outra deságua no fetiche de copiar tudo quanto vem das bandas da Europa e dos States. Afinal, como disse o então ministro do governo de Castello Branco, Juracy Magalhães: “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil!”.
 
Não é que eu ache que a lei é toda ela uma insanidade, e que o su-jeito que a inventou deva ser mandado direto pro sanatório. Acredito até que nos lugares em que durante o dia o clima possa ficar escuro, com nuvens de chuva, negrumes de poluição e essa coisa toda, como no sul e no sudeste do país, a obrigatoriedade de se acenderem os faróis do carro se justifica. Os acidentes ocasionados pelos condutores mais desatentos possivelmente poderão ser evitados. Mas, quando se impõe a sua vigência aqui pelas bandas do nordeste, onde faz sol a pino o ano inteirinho, o troço fica sem pé nem cabeça. Dá pra sentir vergonha ao dirigir pela Via Costeira às 10 da manhã, com o asfalto ardendo em brasa, e os faróis do carro bem acezinhos, como que fazendo reverência ao rei sol. 
 
O pior de tudo é essa coisa louca de farol obrigatório só quando se trafega em rodovia. Então o sujeito vem dirigindo o seu carrinho pela Enge-nheiro Roberto Freire, obrigatoriamente com os faróis ligados, mas aí ao entrar à direita, na Rua do CCAB Sul, que segue pra UFRN, e que também é movimentadíssima, já pode apagá-los. Volta pra Engenheiro, tem que acender novamente. Segue na BR 101, faróis acesos. Entra no túnel que dá pro Conjunto Pirangi, luzes apagadas. É uma brincadeira de mau gosto.  O motorista fica perdidinho. Imagine só a situação de um turista que chega por aqui sem saber quais são as ruas administradas pela União e pelo Estado. Vai ser multa pra tudo quanto é lado. 
 
Diante dessa barafunda completa, sugiro que as autoridades criem um mapa dos faróis pra orientar a população, e de lambuja aproveitem a oportunidade pra explicar muito bem explicado a necessidade dessa inven-ção aqui pelas terras de Poti, onde o sol e o céu aberto são muy amigos da rapaziada.  

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