Cefas Carvalho

23/08/2015 10h15
Já escrevi em diversas oportunidades que Natal é uma cidade de e para motoristas. O natalense é fascinado por carros e por trânsito, logo, não dirigir ou não querer ter um veículo nessa cidade é quase um crime de lesa-pátria. Quantos amigos não ficaram estupefatos ao descobrirem que não tenho carro e não dirijo.
 
Este prólogo serve para ilustrar que com uma cultura dessas, não há como o trânsito natalense não estar caótico e com tantos registros de acidentes. Tenho por mim que mesmo que tivéssemos metrô ou que o sistema de ônibus fosse maravilhoso boa parte dos motoristas continuaria optando por dirigir, ainda que contribuindo para piorar o tráfego.
 
Afinal, chegar naquele barzinho da moda ou na academia do momento a pé, não dá, não é? O que os amigos e a tchurma vão pensar?
 
Diante disso tudo em Natal, leio que em São Paulo - cidade onde morei e cujo trânsito absolutamente caótico conheço na prática - parte da população se revolta com a decisão do Governo Haddad de limitar a 30 km a velocidade dos carros em trechos da marginal Pinheiros. Atitude mais que necessária, assim como as ciclovias. Mesmo com os dados de que diminuíram acidentes e mortes na marginal, após a redução da velocidade, parte dos motoristas continua esperneando. Claro, afinal, rapidez no trânsiro é mais importante que vidas humanas.
 
E mais uma informação, esta na jugular dos natalenses que amam a Europa e sua política de cidadania e modernidade: Estocolmo, Budapeste e Lisboa vão vetar a circulação de carros em determinados dias. Pois é, a capital da Suécia fará Interdição para veículos no dia 18 de setembro A iniciativa integra parte da programação do projeto European Mobility Week (em bom português: Semana Europeia da Mobilidade). A campanha busca promover modelos de transporte sustentáveis em mais de 200 cidades.
 
Além da capital sueca, participam da ação as capitais Budapeste (Hungria) e Lisboa (Portugal), que também ficarão um dia livre dos carros. A ação será realizada em populares pontos das cidades e também em regiões mais distantes.
 
Lindo, não é? Porque é na Europa. O prefeito Carlos Eduardo fizesse isso em Natal (e sabemos que jamais o fará) haveria revolução armada das ruas. Natalense sem carro não sobrevive.
 

 


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